Investigação e benefícios  associadas

“Muito antes de conseguirem falar, os bebés tem na verdade muito para dizer.”

(Acredollo, Goodwyn, 2002)

Ainda que se possa pensar que a utilização de gestos na interacção com os bebés e com crianças, seja um método recente, a verdade é que o estudo dos seus benefícios já remonta à década de oitenta.

A língua gestual para bebés, (Baby Signing ou Baby Sign Language), refere-se então às posições manuais e movimentos específicos (gestos), utilizados pelo bebé e o seu interlocutor, que de uma forma rápida e fácil, traduzem palavras e significados.

Apesar de existirem vários estudos nesta área, é às autoras, Lynda Acredollo, Ph.D. e Susana Goodwyn, Ph.D da Universidade da Califórnia, a quem mais se atribui a investigação nesta área. Os seus estudos, realizados na década de oitenta, com o objectivo de perceber os benefícios de utilizar a língua gestual na comunicação com bebés ouvintes, permitiram concluir que na tentativa de comunicar os seus desejos, emoções ou simplesmente de fazer referência ao que os envolve, os bebés desenvolvem naturalmente gestos. Estes gestos, rapidamente ganham diferentes significados e correspondem a mensagens que são facilmente identificadas particularmente pela mãe.

Tal como acontece durante a fase vocal, em que o choro, os arrulhos e os risos e sorrisos, comunicam intenções, nesta fase já mais avançada do desenvolvimento da linguagem e através destes gestos, o bebé está a comunicar muito antes de conseguir falar!

Este tipo de comunicação reduz significativamente a frustração dos pequeninos, que mesmo conseguindo ouvir, ainda não estão fisicamente preparados ao nível do tracto vocal para falarem, ou apenas conseguem articular uma ou outra palavra.

“Na verdade o Baby Signing é comunicação, compreensão e intimidade entre o bebé e a mãe. (Acredollo, Goodwyn, 2002).

Normalmente antes dos bebés pronunciaram as suas primeiras palavras já evidenciam um repertório de gestos não verbais, iniciando-se com o que se designam de gestos sociais convencionais, tais como o acenar para dizer adeus ou abanar com a cabeça para “sim” ou “não”. Seguem-se gestos mais elaborados, os gestos representacionais, como por exemplo, estender os braços para mostrar que quer ser pegado ao colo. Quando o bebé pronuncia as suas primeiras palavras, começa normalmente a utilizar gestos simbólicos, tais como soprar para dizer “ quente”; este tipo de utilização, revela que as crianças, compreendem que os objectos e as ideias têm nomes, e que os símbolos podem referir-se a objectos, acontecimentos, desejos e circunstâncias específicas do quotidiano. (Papalaia et al, 2001)

Segundo A. Lock, Young, Service & Chandler, (1990), citado pelos mesmos autores, os gestos surgem normalmente antes da criança ter um vocabulário de 25 palavras, e desaparecem quando esta aprende a palavra que está associada à ideia que está a gesticular.

Nesta fase a comunicação é relativa às rotinas do bebé, às pessoas que o envolvem, às emoções, e aos objectos a que o bebé tem acesso nas suas brincadeiras. Quando o bebé não consegue expressar os seus desejos e intenções, fica frustrado assim como ficam igualmente o pai e a mãe e todos aqueles que o envolvem. Os gestos fazem uma ligação entre a palavra e o gesto, dando aos bebés referências para compreenderem não só o que lhes é dito, como também lhe permitem expressar as suas necessidades.

Como principais benefícios associados a esta forma de comunicar poderemos então, elencar os seguintes:

•    Desenvolvimento da linguagem e da fala;
•    Enriquecimento do vocabulário;
•    Desenvolvimento intelectual;
•    Aumento da concentração e da atenção;
•    Fortalecimento do vínculo parental;
•    Promoção da autoconfiança.

Ainda relativamente à história e investigação associada à utilização de gestos na comunicação com bebés e crianças ouvintes, mas filhos de pais surdos, os resultados da investigação de Joseph Garcia, na Universidade do Alaska (1987), apontaram no sentido de que estes bebés (ouvintes, filhos de pais surdos), eram capazes de comunicar mais cedo e mais facilmente do que bebés em idade similar filhos de pais ouvintes.

Apesar da utilização de gestos na comunicação com bebés, ter sido estudada e desenvolvida para crianças ouvintes, filhas de pais ouvintes, a sua utilização com as crianças surdas faz todo o sentido – se os gestos utilizados forem traduzidos na língua gestual oficial de cada país – uma vez que facilita as interacções da criança com o seu meio envolvente e com as pessoas que dele fazem parte.
Dentro de todas as importantes decisões com as quais os pais de crianças surdas se vêem confrontados, a decisão sobre o método a utilizar para a comunicar com o seu bebé é sem dúvida a mais importante e a mais urgente pois a primeira infância é indiscutivelmente um período crucial para o desenvolvimento global e da linguagem da criança. Estes primeiros gestos, e o método associado a esta forma de comunicar, podem por isso representar uma ajuda importante para as famílias ouvintes com filhos surdos, também elas na sua maioria principiantes na aprendizagem desta língua – a língua gestual – que será a língua materna dos seus pequeninos.

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Bibliografia:
Acredollo, Linda & Goodwyn, Susan. (2002). Baby Signs. EUA: Mc Graw Hill
Papalia, D. E & Olds, S. W. & Feldman, R. D. (2001). O Mundo da Criança. Portugal: Editora McGraw-Hill.
Robinson, Kathy;Harris,Debbie (2006) The Signs for Success Program- Signing with Babies and Young Children. England.Signs for success
www.babies-and-sign-language.com