Tornou-se uma prática comum nos últimos anos em  Portugal, mas está longe de ganhar consenso.
Saiba tudo sobre esta forma de trazer bebés ao mundo.


O que é afinal o parto marcado?

Em Portugal, ninguém sabe ao certo quantos partos marcados têm lugar anualmente. Não há estatísticas a nível nacional sobre indução do parto,  mas os médicos têm noção de que já são muitos. O que não há duvida é que este não é um assunto pacífico, quer seja nas casas de família ou nos corredores dos hospitais e maternidades do país. No seio da comunidade científica, médicos e enfermeiros dividem-se a este respeito. No caso das cesarianas  por conveniência, então, a situação agrava-se muito  mais. A discussão fica ainda mais acesa.

Mas, afinal, do que se fala quando nos referimos a parto marcado?
A data possível do parto ocorre na 40ª semana de gestação, com um intervalo de 15dias antes e 15 depois. Quando se escolhe este procedimento precipita-se a data de nascimento do bebé em muitos casos para a 38 semana, submetendo a grávida a medicação para estimular o início das contracções. Se tudo corre bem, o corpo responde à indução entrando em trabalho de parto, culminando num parto eutócico via vaginal.
Não se espera pelos sinais do corpo, que sempre guiaram os nascimentos desde o princípio dos tempos, criticam alguns técnicos de saúde que se assumem contra a indução sem motivos clínicos que a justifiquem. Ou seja, sem que exista patologia que coloque em risco a vida da mãe ou do filho, ou de ambos. Os inconvenientes do parto marcado apresentados por estes especialistas são sobretudo o facto de a intervenção muitas vezes ter que terminar em cesariana, uma vez que a indução não funciona e, logo, a mulher não vai fazer a dilatação. Dizem ainda que a indução com fármacos torna os partos mais dolorosos e as contracções mais precoces, havendo necessidade por vezes de outras intervenções médicas.
O parto marcado é constante em certo contexto social e cultural, em que tudo se faz de forma organizada e programada, em que nada pode falhar, e toda a vida do dia-a-dia é condicionada por tempos e calendários

DECIDIR DE FORMA CONSCIENTE

A enfermeira Isabel Maria Rosa  Ramos de Carvalho deixa algumas  pistas sobre o que as futuras  mães devem fazer antes de optar pela via de parto marcado:

– Recolher toda a informação sobre os vários tipos de parto e ver os riscos e benefícios de cada uma deles;

– Trocar ideias sobre o assunto pelo menos com o médico obstetra que a vai assistir e em casa com a família;

– Em relação à cesariana, há que ponderar os riscos do método em si mesmo, quer para ela quer para o bebé;

– Ter consciência de que se trata de uma cirurgia e que para se chegar ao feto é preciso abrir 7 camadas de pele e tecido. Neste método, o bebé não passa pelo canal de parto, pelo que há maiores riscos de sofrer uma dificuldade respiratória. Por fim, que ela vai ficar mais tempo imóvel e mais tempo afastada do filho;

– Saber que no pós-parto induzido e no natural a recuperação é muito mais rápida, menos dolorosa, para além de que pode amamentar o seu filho logo nos primeiros 30 minutos de vida.

Os riscos para o bebé
Isabel Maria Rosa Ramos de Carvalho, enfermeira graduada da Maternidade Dr. Alfredo da
Costa, em Lisboa, concorda que o parto marcado tem muito sucesso entre nós neste momento, concretamente nos hospitais particulares, apesar de ocorrem também nas maternidades. É peremptória acerca deste procedimento de pôr bebés no mundo. “Não tenho nada contra o parto marcado desde que a escolha seja da mulher. Por opção sua e consciente, que é saber quais as complicações que daí podem advir” observa, explicando que um parto marcado implica a administração de medicação que “pode ter consequências” quer para a mãe quer para o filho. Concretamente, “o bebé pode não se dar bem com a medicação e pode ter uma desaceleração do ritmo cardíaco” tendo, por isso, que se recorrer a uma cesariana de emergência. “A mãe também pode ter reacções sistémicas” que conduzam ao mesmo procedimento. Ou seja, “uma situação em que não se sente bem, tenha tensão baixa e tremores generalizados, o que depois implica uma diminuição do fluxo sanguíneo para a criança”. Por outro lado, alerta, “a progressão do trabalho de parto pode não ser o que se estava à espera”, porque a reacção do organismo da mãe não responde e o “parto não progride mesmo com a indução, acabando por evoluir pela via da cesariana.

Enquanto num parto normal a mulher acaba por se adaptar ao início do trabalho de parto nos últimos dias ou semanas de gravidez, garante a enfermeira, “e acaba por passar por uma fase latente de trabalho de parto indolor”, ou pelo menos dolorosa, “com a indução, as dores começam abruptamente”. É que a epidural, explica só é dada a partir dos 3 centímetros de dilatação.
De qualquer forma, reconhece que “com o estilo de vida” que se têm hoje, “é muito confortável saber que ‘aquela’ hora se vai ter o bebé”. Significa ter a vida toda organizada para aquele momento, diz, lembrando que essa é uma das particularidades que mais atrai as mulheres para a escolha do parto programado. Sabe também pela sua experiência profissional na MAC que muitas mulheres pedem o parto para determinada altura por conveniência – para juntar esses dias de licença aos dias de férias, por exemplo. “É uma questão de organização de vida”, explica a propósito.

Se há riscos concretos a evidenciar relativamente ao parto induzido, o mesmo não se pode dizer relativamente ao período que se lhe segue. Por outras palavras, e segundo Isabel Maria Rosa Ramos de Carvalho, o pós-parto do parto induzido e do parto natural são em tudo semelhantes. “A mulher está bem em ambos. As complicações que têm que surgir, hão-de surgir num ou no outro procedimento.”

Motivações, vantagens e inconvenientes.

“Toda a minha vida é controlada, e o parto era uma situação que eu queria controlar também”.  Quem o garante é Ana Brasão, 36 anos, consultora e directora comercial, mãe de dois  filhos, de 6 e 4 anos. Ambos nasceram por cesariana, embora no caso do mais velho, o João,  o plano começasse por ser o de um parto marcado. “Não queria ser apanhada de surpresa”,  explica, esclarecendo, “era um momento especial, eu queria vivê-lo na plenitude. Não queria  andar com stress, por isso decidi que queria marcar a melhor altura para o meu filho nascer”.

Porém, dois dias antes da data prevista, a médica descobriu que o bebé estava sentado  e avisou que provavelmente teriam que recorrer a cesariana. Ana não fez dramas. Para ela,  como faz questão de dizer, “todos os partos são ‘normais’”. Naquele momento, tudo o que  fosse mais prático e seguro para o filho era o mais  importante, esclarece E até se sentiu tranquila  com a ideia da intervenção cirúrgica, diz, “pois no  caso da cesariana, 80 por cento dos riscos são da  mãe e apenas 20 por cento da criança”.

O pós-parto “foi fantástico, com tudo controladíssimo como previa”, comenta. Nada que se assemelhasse com o quadro que muitas vezes se  desenha sobre a convalescença do parto via cesariana.  “Algumas amigas minhas tiveram partos  ditos normais nessa mesma altura e, coitadas,  nem se sentavam. Eu, no dia seguinte à cirurgia, já  andava de pé e tratava do meu filho lindamente,  tinha boa disposição”, diz, esclarecendo que, por  isso mesmo, quando soube que estava grávida de  Catarina, a filha mais nova, comunicou “logo à  médica que ia querer fazer uma cesariana”.

A Opinião dos Profissionais

Prática frequente nos dias que correm, o parto marcado – ou programado, de acordo com a terminologia usada por alguns especialistas em obstetrícia – ao que parece encaixa-se na perfeição com o nosso tipo de sociedade e no nosso tempo, independentemente das várias razões apresentadas por quem opta por este processo de dar à luz.
É uma moda, dizem alguns. Pelo menos, é constante “em certo contexto social e cultural, em que tudo se faz de forma organizada e programada, em que nada pode falhar, e toda a vida do dia- a-dia é condicionada por tempos e calendários”, comenta Maria de Jesus Correia, psicóloga clínica da Maternidade Dr. Alfredo da Costa (MAC). A especialista recorda que cada vez estamos “menos habituados ao inesperado, ao espontâneo”, o que caracteriza o parto natural conforme as nossas mães o conheceram.

No caso das mulheres que recorrem a hospitais privados, diz-se que o recurso a este procedimento também resulta da necessidade de assegurar que o médico que a acompanha ao longo da gravidez, e que é a pessoa em quem ela confia e reconhece capacidade de resolver qualquer problema inesperado, possa estar presente nesse momento tão íntimo e crucial.

O médico obstetra, António Pedro Oliveira diz que “o parto marcado evita vários estágios de tensão e ansiedade da mulher”, que no fim da gravidez já está cansada. “Ao programar-se uma data para o bebé nascer está-se a evitar sucessivas idas da mulher ao hospital porque pensa que está a sentir as primeiras contracções ou rebentou a bolsa, o que não passa de falso alarme a maioria das vezes”, para além de que, desta forma, mãe e o pai podem organizar com tempo as suas vidas profissionais e pessoais “de forma a estarem totalmente disponíveis” para o dia do nascimento do filho.

Vantagens do parto marcado
Com experiência em “partos programados”, António Pedro Oliveira diz que, nestes casos, o obstetra está “apenas a empurrar para começar a andar” – leia-se o parto. “Com a indução antecipamos esse momento por via vaginal, nada mais. Nós podemos despertar a nossa natureza”.
Para isso, explica, a mulher que é acompanhada ao longo dos meses, e vai fazendo vários exames, designadamente uma das mais importantes e que é ecografia. É observada tendo em conta diferentes aspectos, nomeadamente as condições do feto, se este tem bom peso, e as condições do colo do útero. “Se as condições estiverem maduras podemos programar o nascimento do bebé para uma ou duas semanas depois, e nessa altura induzimos o parto”, diz, sublinhando uma vez mais que, nestas situações concretas, “não se está a interferir com a natureza”. Há a certeza que mãe e filho estão preparados para o acontecimento. E o pai e a mãe podem usufruir melhor desta experiência, porque também eles puderam programar tudo para a chegada do filho, garante o especialista.
Do ponto de vista comportamental pode-se dizer que há pessoas que “têm necessidade de controlar tudo, de serem donas do seu tempo e dos seus dias, não estão disponíveis para deixar a natureza decidir”, observa Maria de Jesus Correia, lembrando que esta é a razão que leva a esmagadora maioria das mulheres a optar directamente pelo parto marcado. “Em alguns casos, a gravidez também já foi programada, vem tudo na mesma sequência”, sublinha
Ana Brasão admite que foi esse o seu caso quando ficou à espera do primeiro filho. “Engravidei do João quando quis, quis engravidar em Itália e assim foi”. Da Catarina, engravidou na altura que tinha projectado – explica que queria um segundo filho com diferença de 2 a 3 anos do primeiro –, “mas não foi tão programado”. Em contrapartida, optou rápida e decididamente pela via de parto logo no primeiro momento que soube que estava grávida. A filha nasceria por cesariana. “A minha vida tem que estar muito bem programada. Tudo o que posso programar e prever faço-o para facilitar a minha vida, a da minha família, e a de quem me apoia”, diz sem rodeios.

A marcação directa de uma cesariana, isto é, sem que exista patologia que assim obriga, por iniciativa da mulher, já é diferente. Pelo menos é o que garante Maria de Jesus Correia. “Quase sempre tem associado um medo do parto muito grande, que tem a ver com representações muito assustadoras sobre este momento, e que foram passadas à mulher por alguém que pode ser uma familiar ou uma amiga”. Em outros casos, também pode ficar a dever-se à experiência de uma gravidez anterior, com um parto complicado. “A possibilidade de vir a repetir uma experiência traumática é de tal forma assustadora que a mulher opta pela cesariana directa.”

Tratamentos estéticos associados à cesariana

A consultora comercial de 33 anos, que fez um curso de preparação para o parto, leu muito sobre o assunto e aprendeu tudo o que havia para aprender sobre o mesmo, assegura que as suas motivações para ter o segundo filho por cesariana directa estiveram à margem deste quadro. A experiência na primeira vez tinha corrido tão bem que não via razões para não repetir, garante. “No parto normal, o bebé está em sofrimento para nascer, achei que era muito violento. Com a cesariana, eu já sabia que ele ia sair logo bem. E, de facto, foi tudo muito harmonioso. Não tive dores, não estava cansada, estava óptima para o receber”, explica emocionada. E logo acrescenta sem pudores: “Durante a gravidez tive muita dificuldade em lidar com a transformação do meu corpo, ora a cesariana tem a vantagem de um mês depois já se estar completamente recuperada a este nível.  Aliás, aproveitando que já estava de barriga aberta, retirei o que estava a mais. Fiz lipoaspiração nas duas vezes.”

Desde que o processo por cesariana foi vulgarizado  que muitas mulheres “quiseram fugir da dor do pecado original”, comenta o obstreta António Pedro Oliveira, defendendo o recurso ao método apenas quando existe uma patologia que o justifique. “ Em alguns casos é nitidamente benéfico para a vida ou qualidade de vida da mãe e ou do filho”, diz, explicando que há situações em que não vale a pena provocar sofrimento à mulher e ao feto sabendo que depois vai ter que se recorrer a uma cesariana por emergência. Por exemplo, no caso de a mulher “já ter feito duas cesarianas anteriores, há o risco da força das contracções do parto que são muito grandes levar a uma sutura do útero”. Neste casos, para quê arriscar? “Programamos uma cesariana, logo”, diz.

Relativamente “às cesarianas por demands”, que expressa a vontade da mulher unicamente, e que também está muito vulgarizada à escala internacional, o obstetra alerta: “Embora corriqueira pelo número, a cesariana não deixa de ser uma cirurgia. É um acto em que se calhar vamos criar riscos desnecessários para a mulher, pois há a possibilidade de ocorrer infecção e hemorragia”. Isto não quer dizer que ela não exista no parto normal, mesmo assim sempre que possível deve evitar-se este procedimento, prossegue de forma peremptória.

Para a enfermeira Isabel Maria Rosa Ramos de Carvalho, a escolha da cesariana “resulta do medo de passar pela dor, mas também do medo do desconhecido”. Faz parte do último trimestre de gestação a adaptação psicológica da mulher à gravidez, enfrentar e superar esses medos, preparar-se para o parto, explica, esclarecendo que, de facto, algumas mulheres não conseguem adaptar-se. Continuam a sentir muito receio, pelo que acabam por tomar a iniciativa de pedir ao médico que lhes faça uma cesariana.

Sabe-se que o método cirúrgico também está a ganhar muita popularidade em Portugal. Na generalidade, o número de cesarianas está muito acima dos níveis recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – a taxa recomendada é de 10 a 15%. Diz-se que num hospital particular de Lisboa, cerca de 90% dos partos ocorridos são por cesariana.

PAI DA CESARIANA’ CRITICA O MÉTODO.

No livro A Cesariana, Operação de Salvamento ou Industria do Nascimento (Miosótis), Michel Odut, um dos primeiros médicos a realizar partos em segurança, e que tem acompanhado a evolução do processo nos últimos anos crítica o recurso abusivo a este procedimento. E lança a questão “que sabemos nós das consequências a longo prazo do nascimento por cesariana?».
Plano Nacional de Saúde 2004/2010
O documento estipula que a taxa de cesarianas em Portugal seja reduzida para 20 % nos próximos anos. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), e também os mais recentes, o número de cesarianas em 2005 era de aproximadamente 35% e em 2006 de 33,5%.

Partos ocorridos em 2006
Segundo os números do INE , num total de 104296 partos, 53607 dizem respeito a partos eutócicos e 50689 a partos distócicos. O número de cesarianas é de 36582 e 14107 encontram-se denominadas como outras. O Instituto Nacional não possui dados relativos aos anos seguintes.

BENEFÍCIOS DO PARTO NORMAL

De acordo com alguns especialistas:

– As contracções e a pressão do canal vaginal ajudam a limpar os pulmões do recém-nascido;
– Cerca de 20% dos bebés com desconforto respiratório nascem de cesariana marcada;
– No parto normal o bebé pode mamar logo, muitas vezes até na sala de parto;
– A vinculação com a mãe é favorecida pelo parto normal;
– A mulher está mais bem-disposta, sem as dores do corte na barriga feita pela cesariana.

Vantagens do parto natural
“O parto ideal é o parto por via vaginal, porque é o natural, a mulher está constituída para ter um bebé dessa forma. A cesariana só deve acontecer como recurso se houver uma falência. Se o bem-estar da mãe ou do feto se deteriorarem durante o trabalho de parto”, defende o médico obstetra António Pedro Oliveira, sublinhando ainda a vantagem de no parto normal não existir mais dor, porque descobriram a epidural, a mãe poder ver e estar logo com o bebé, amamentá-lo, e o pai poder assistir à chegada do filho. “Na cesariana, a mulher está deitada num sítio frio, impessoal, e só vai ver a criança meia hora depois quando terminar a cirurgia, para além dos riscos inerentes à intervenção”, contrapõe.

Muitas mulheres pedem a cesariana “porque têm medo do parto”, mas na maioria dos casos esses receios resultam de uma enorme desinformação sobre o assunto, garante ainda António Pedro Oliveira. Lembra que hoje há muitas fontes de informação, por exemplo na Internet há muita gente a opinar sobre o assunto, há blogs de discussão, e o problema é que algumas mulheres lêem esses conteúdos e escutam essas opiniões como se tratasse de uma verdade científica. “E não é. Muitas vezes, isso só lhes provoca mais dúvidas e ansiedades.”. No consultório, o obstetra desconstrói ideias feitas. Esclarece-as, tira-lhes dúvidas. “Tranquilizo-as e motivo-as para o parto vaginal.”

A enfermeira Isabel Maria Rosa Ramos de Carvalho  da Maternidade Dr. Alfredo da Costa diz que mais uma vez o que é valido é que a escolha da mulher seja consciente. De qualquer forma, explica que este procedimento médico apresenta riscos para a mãe e para o filho e que a primeira deve estar consciente deles. “Estes são um pouco maiores do que os do parto induzido”, assegura. Na cesariana há o risco da mãe fazer uma embolia pulmonar, há o risco de infecção e de hemorragia, e a recuperação é igualmente mais lenta, demorada, e também mais dolorosa, comenta. Em termos de amamentação, esta também é estimulada mais tarde. Explica: “Muitas mulheres não conseguem estabelecer um aleitamento pleno por causa da cesariana, porque estão um tempo longe dos bebés logo a seguir à intervenção, e não conseguem fazer a estimulação na amamentação nas primeiras horas.”

No que respeita às repercussões nas crianças, há estudos que dizem que mesmo que os bebés sejam de termo os que nascem por cesariana estão sujeitos a maior risco de dificuldades respiratórias, esclarece Isabel Maria Rosa Ramos de Carvalho.
“Isto porque não passam por canal de parto.”

É praticamente um paradoxo discutir formas tão elaboradas de trazer bebés ao mundo quando um outro movimento, naturalista, pelo menos mais ligado à Natureza e às ideias ecologistas, começa a fazer-se sentir. Estamos a entrar na era do parto natural  tradicional, que pode e deve ser feito em casa – “começa também a ser moda, sobretudo das pessoas de estratos sociais mais altos”, esclarece a técnica de saúde – ou nos hospitais que começam já a planear e desenvolver unidades para o efeito. A ideia é criar espaços hospitalares em tudo semelhantes ao das casas de família, só que recorrendo a alianças com métodos naturais milenares que visam ajudar o relaxamento da parturiente, nomeadamente a aromaterapia e vários tipos de massagens.
O Hospital de S. Bernardo em Setúbal começou no dia 1 de Outubro de 2008 a fazer partos na água, por exemplo, um outro método também muito em voga. E na Maternidade Alfredo da Costa também há projectos para uma Unidade para parto natural que, à partida será assegurada por enfermeiros especializados. O parto com dor está de volta, portanto!
Agora, a escolha é sua. |

Em alguns casos é nitidamente benéfico para a vida ou qualidade de vida da mãe e ou do filho. Há situações em que não vale a pena provocar sofrimento à mulher e ao feto sabendo que depois vai ter que se recorrer a uma cesariana por emergência

Texto de Lia Pereira
Com a participação de:
Maria de Jesus Correia, psicóloga clínica  da Maternidade Dr. Alfredo da Costa
António Pedro Oliveira, médico obstetra.
Isabel Maria Rosa de Carvalho, enfermeira  graduada da Maternidade Dr. Alfredo da Costa. Ana Brasão, mãe